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segunda, 08 de outubro de 2012

Presidente da Fiep completa um ano no cargo e se diz contente

No dia 30 de setembro, o capanemense Édson Campagnolo completou um ano como presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná). Em entrevista ao JdeB, ele falou sobre os projetos da entidade, a competitividade da indústria paranaense, investimentos para o Sudoeste e também sobre a situação desafiadora de Capanema, que como Campagnolo definiu, está entre a “cruz e a espada”. O município deve ganhar a Usina Baixo Iguaçu e um incentivo muito grande no turismo. De outro lado, a população está preocupada com a situação de recuperação financeira do frigorífico da Diplomada, uma das maiores empresas de Capanema, que agrega 1.200 funcionários, mais 450 aviários de frango. Sobre a Estrada do Colono, Campagnolo diz ter menos esperanças, mas não que seja uma causa impossível.

JdeB - Como é o projeto "Sul Competitivo" e como ele será aplicado?

Édson - O Sul Competitivo é um estudo da infraestrutura logística do Sul do Brasil, é um material encomendado pelas três federações, a Fiep, a Fiesc e a Fiergs, e também com o apoio da CNI. É um estudo profundo de todos os modais de transporte, considerando toda a cadeia produtiva dos três estados do sul, mas com essa conexão com toda a nossa fronteira, desde São Paulo, Mato Grosso do Sul. Então, um estudo bem profundo em que foi detectado quais seriam os projetos pra interligar e fazer o desenvolvimento de todo o sul do Brasil. Foram listados 177 projetos, mas isso daria um investimento agora de 70 bilhões de reais - inclusive considerando também a fronteira com Paraguai, Argentina e Uruguai. Só que R$ 70 bilhões hoje, pra você buscar esse recurso é uma coisa quase impossível. Então foram elencados 51, daqueles que seriam os mais prioritários. Nisso, vai dar um investimento menor, de R$ 15 bilhões. Isso é um estudo, parte dos que vamos considerar 51 projetos, alguns já estão contemplados. Tem alguma coisa que foi recém lançado que são as concessões de rodovias e ferrovias, ou seja, boa parte disso tem condições de acontecer já dentro de uma prioridade que o Governo Federal tem colocado. Algumas ações são obras estaduais dos três estados, aí a gente percebe que tem poucos projetos dos três estados, considerando as necessidades de infraestrutura logística desses três estados que a gente está citando. Mas enfim, é um estudo bem elaborado que foi apresentado ao Governo Federal, através do Bernardo Figueiredo, que é o presidente da EPL. Quem representou a presidente Dilma na oportunidade foi a ministra Ideli Salvatti. O que eu posso citar aqui no Sudoeste é que nós temos a ligação da BR 163, por exemplo, que ela vem desde o Mato Grosso do Sul e que entra aqui em Cascavel e passa por Capitão Leônidas Marques e vem até Barracão. Até Capitão existe já dentro do PAC duplicação de Capitão até Barracão. Então, acho que uma boa alternativa que vai ser considerada pra que principalmente as cargas para desviem do pedágio, vamos dizer assim, eles tenham uma maneira de fazer a conexão chegando ao porto Paranaguá. Existe também um estudo bem interessante considerando duas situações: a ferrovia Norte-Sul, que essa ferrovia passaria por Cascavel e iria pra Chapecó. Aí existe a possibilidade de ela passar mais próximo a Pato Branco ou a Dois Vizinhos. Por mais que não alcance Francisco Beltrão, ficaria muito mais perto de um ramal, uma vez que essa ferrovia venha atender a cadeia carnes.

JdeB - Como o senhor avalia o corte na tarifa de energia para as indústrias?

Édson - É uma reivindicação praticamente de todas as cadeias produtivas do Paraná, em que os nossos fóruns setoriais detectaram dentro dos estudos que nós fazemos nas demandas que são colocadas ao setor público. No topo da lista está a questão da reforma tributária, e isso é indiscutível que é o tema mais importante. Mas o que aparece muito bem, praticamente em segundo em quase todas as cadeias, é a redução do custo de energia elétrica - isso vale desde as panificadoras, por exemplo, até o setor automotivo, passando por celulose, papel, chapas, compensados, uma vez que o custo desse insumo é elevado. Com esse anúncio agora, da presidente Dilma Rousseff, antecipando, até porque tem concessões que vão ser 2013-2015, ela estaria renovando as concessões, mas em contrapartida que houvesse essa redução. Pelos números anunciados, eles são significativos, isso vai dar um fôlego à indústria paranaense, indústria brasileira, e esperamos que a gente possa ser mais competitivo depois desse anúncio. Estaremos monitorando através do nosso departamento econômico como vai se comportar, se realmente os preços vão se reduzir, primeiro se a redução da energia vai acontecer e se os preços também vão ter uma redução, uma vez que o setor industrial reivindica que seja mais competitivo. Eu acho que o Governo Federal, com essa medida, está atendendo em parte do setor produtivo.

JdeB - Dá pra dizer que essa é uma medida pra que venha ajudar os industriários amenizar essa concorrência com o mercado asiático?

Édson - Ela tanto atende a concorrência interna dos produtos importados, considerando os asiáticos, como de certa forma pode dar também um fôlego pra que a gente reconquiste o mercado externo que com essa elevação do dólar e com algumas ilusões recentemente divulgadas pelo Governo Federal ela possa ter algum impacto altamente positivo. Acho que ela tende não só pra melhorar a competitividade e diminuir as importações, como favorece as próprias exportações dos nossos produtos.

JdeB - E a competitividade da indústria no Brasil, como o senhor vê?

Édson - As medidas anunciadas desde o início do ano pelo Governo Federal, têm acontecido. Claro que muitas delas acabam demorando em ter impacto e alcançando todos os setores. Por exemplo, a redução dos encargos, sobre a folha de pagamento, já aconteceu lá na frente, mas ela precisou medida provisória ser votada e ela só entrou em vigor agora a partir de julho. Então a gente percebe que alguns setores já recebem isso como um fôlego, mas ainda está muito distante. É necessário ser mais contundente nas reformas estruturantes do Brasil, melhorando essa questão de infraestrutura. É uma série de fatores, mas a gente percebe um bom interesse do Governo Federal, assim como as empresas procurando fazer a sua parte pra melhorar a questão da competitividade e que elas alcancem mercados pra exportar.

JdeB - Como está essa questão política da Fiep com o Governo Federal e Estadual?

Édson - Olha, muito interessante dizer que a Fiep é uma entidade política, mas não uma entidade política partidária. Nós defendemos e priorizamos a indústria paranaense e nós temos tido uma ótima relação tanto com o Governo Federal como com Governo Estadual. Desde o início da nossa gestão, temos procurado nos aproximar no sentido de dar subsídio, de melhorar a relação até pra que a gente esteja conquistando avanços pra competitividade interna, isso vale desde questões de reformas que a gente tem defendido, uma aproximação com toda a bancada, tanto deputados federais, senadores da bancada estadual e também essas questões de infraestrutura. A gente tem participado ativamente, então percebemos um bom momento, uma boa relação. Recentemente o maior investimento privado que se tem notícia no Paraná que são as indústrias "Calvin", as federações das indústrias junto com o governo, dando um suporte, um apoio para que essa indústria possa capacitar, formar mão de obra, que a gente possa colocar fornecedores paranaenses, dando suporte não só na área da questão da capacitação da mão de obra. Junto com o governador Beto Richa, temos tido uma boa relação, uma vez que a gente defende os interesses do estado, e não estamos aqui defendendo o interesse de um certo grupo político. A nossa prioridade é aproximar a indústria do estado; uma vez que o PIB paranaense, um terço é da indústria.

JdeB - Já se completou um ano da sua gestão na Fiep. Gostaria que você fizesse uma avaliação desses 365 dias.

Édson - A eleição foi no dia 3 de agosto, mas no dia 30 de setembro fez um ano que nós assumimos. E das nossas propostas, graças ao apoio dos nossos companheiros, a gente tem conseguido atender tudo aquilo que nós nos comprometemos ao longo da gestão. O mais importante de tudo isso, eu quero registrar, é a interiorização. Do período que eu assumi até hoje, quero crer que uns 60% desse período estive no interior. Estou muito contente, muito feliz de ter assumido esse posto e eu acho que tudo aquilo que os nossos sindicatos depositaram como confiança no primeiro presidente do interior, a gente está conseguindo cumprir com os compromissos. Passamos por 25% da caminhada e nos restam 75%. Espero que tenha muita saúde e a gente consiga cumprir tudo aquilo que a gente propôs com a indústria paranaense.

JdeB- Há ainda projetos da Fiep para a região Sudoeste?

Édson - Olha, tem muitos investimentos que estão previstos para serem alcançados aqui no Sudoeste, as obras aqui da ampliação do Sesi/Senai em Francisco Beltrão já deve estar por acontecer nos próximos dias. Já inauguramos a Escola Automotiva, que era uma reivindicação antiga do Sindirepa e de todas as empresas dessa região. Em Ampere, temos previsto uma construção de uma unidade e que deve acontecer dentro da nossa gestão. As indústrias do conhecimento têm várias unidades que estão sendo feitas, umas inauguradas, outras serão instauradas. Entre esse ano e o próximo, também pretendemos dar uma ampliação no atendimento do Colégio Sesi e, especialmente, na capacitação da mão de obra, que é uma demanda muito forte de todas as cadeias produtivas.

JdeB - Capanema está numa situação de desafio. Gostaria que o senhor comentasse sobre três questões: Usina Baixo Iguaçu, Estrada do Colono e a situação da Diplomata.

Édson - Capanema está entre a cruz e a espada. Começando pela questão da Diplomata, que está tendo alguns problemas agravados mais pela questão das commodities, especialmente pela soja e o milho, que também tiveram os preços internacionais elevados e, consequentemente, isso dá problemas no fornecimento do alimento pros animais. Então a empresa, talvez, já passava por dificuldade, mas creio que como não é só a Diplomata que tem passado por essa situação. Não só o Governo Federal como também o Governo Estadual devem ter alguma ação, talvez a fusão de algumas empresas ou de algum suporte no sentido de capitalizá-las, mas sempre com muita responsabilidade, porque se tiver algum problema de gestão, ela tem que ser corrigida. Para Capanema e Planalto, seria muito ruim que isso viesse acontecer, uma vez que ali são 1.200 empregos diretos do frigorífico, ainda têm mais de 450 aviários que fazem parte do fomento. Espero que tenha alguma ação efetiva, também espero que haja uma compreensão por parte das lideranças políticas, no sentido de buscas da solução. A Fiep está junto nesse contexto, nós temos os conselhos setoriais das carnes de origem animal pra que a gente esteja encontrando algumas soluções disso. Estmos dispostos a contribuir numa somatória de esforços. Sobre a Usina Baixo Iguaçu, conheço bem essa realidade porque há muitos anos, desde a década de 1980, era uma usina que deveria alcançar 1 gigawatt e depois foi reduzida pra 350 megawatts, mas ela também saiu do eixo do Parque Nacional do Iguaçu. Então o impacto seria muito pequeno. Recentemente a presidente Dilma assinou, por parte das questões ambientais, liberando a construção da usina. Tem uma parceria muito forte com a Copel, que deve se parceirizar com a Neoenergia, que venceu a concorrência. Então, acho que é um esforço do Governo Federal, para que não haja o nosso apagão da elétrica no Brasil, que os investimentos aconteçam para que a gente não venha sofrer problemas de fornecimento de energia elétrica. A última grande usina de porte dentro do Iguaçu e que com certeza deve trazer um bom impacto não só pra Capanema, mas pra todo Sudoeste e Oeste. E com relação à Estrada do Colono, essa é uma temática um pouco mais complicada, mas a gente espera que esse esforço que está tendo agora com alguns deputados federais, o Assis do Couto (PT), Nelson Padovani (PSC), também o Eduardo Sciarra (PSD), já teve uma audiência pública em Brasília. A gente espera que essa alternativa possa ser contemplada. E recentemente o Parque Nacional do Iguaçu liberou o uso do rio Iguaçu, da margem esquerda, pro uso do turismo. Então quem sabe a Estrada do Colono e a utilização do rio possa ser uma nova alternativa econômica pra essa região e uma indústria limpa para o turismo.
Fonte: Jornal de Beltrão

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