Alguns sinais que o Estado emite principalmente nos últimos dois anos deixam líderes do interior otimistas quanto à possibilidade de mudanças na histórica conjuntura de recepção de investimentos no Paraná. Devido à falta de planejamento e de políticas de descentralização, grande parte dos investimentos foi concentrada na Região Metropolitana de Curitiba, que atualmente responde por cerca de 70% do PIB do Estado. No entanto, alguns indícios mostram que é possível, desde que exista vontade política e bons projetos, fazer diferente, informa o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná), Rainer Zielasko.
Industrial em Toledo, não é de hoje que Rainer percebe que a concentração de investimentos provoca sérios desequilíbrios no conjunto social e econômico do Estado. Por isso, desde que assumiu o comando da Federação ele passou a cobrar do governo a adoção de uma ampla política de interiorização de investimentos. “Está muito distante do ideal e isso, todos sabemos, demorará anos mesmo com o suporte de instrumentos dos mais eficientes. No entanto, alguns indicadores mostram que o início do processo de reversão do cenário de centralização começa a ocorrer”.
Rainer se refere a dois dados em particular. Cerca de 70% dos recursos do Paraná Competitivo, que estimula a instalação de indústrias e o fortalecimento de outras já em atividade, estão no interior. Em dois anos, o valor movimentado por meio do programa chega a R$ 21 bilhões, e 70% disso correspondem a R$ 14,7 bilhões que estão em outras partes do Paraná que não a Região Metropolitana de Curitiba. “Essa é uma informação excelente para o interior e também importante para a RMC, porque o equilíbrio que se busca fará bem a todos”, segundo o presidente da Faciap. Curitiba e municípios vizinhos experimentam situações que, em vez de contribuir para avanços, promovem o enfraquecimento de sua economia e qualidade de vida.
Entre os principais problemas já verificados estão desafios de mobilidade, aluguel com preço elevado e índices de criminalidade em alta. Com a distribuição de riquezas, o que ocorre por meio da ação de indústrias e empresas, que são geradoras de empregos e contribuem com a redistribuição de renda, todos ganham, porque problemas originários do desequilíbrio passam a ser combatidos, conforme Rainer Zielasko. O descompasso de desenvolvimento da RMC e do interior, principalmente do Centro-Oeste, Sudoeste e Oeste, está em índices de desenvolvimento humanos baixos e no estímulo ao êxodo e ao enfraquecimento econômico. Boa parte migração dessas três regiões incha grandes cidades, inclusive Curitiba.
Empregos
O outro indicador considerado revelador na análise, segundo Rainer Zielasko, é a geração de 74% dos novos empregos nos últimos dois anos em regiões distantes da metropolitana de Curitiba. O Oeste tem duas entre as principais geradoras no período (janeiro de 2011 a janeiro de 2013), Cascavel e Foz do Iguaçu, que aparecem em segundo e quarto lugares no estudo do IBGE. “Embora possa ser o início de um processo importante, é necessário muito mais para que efeitos significativos e duradouros dessa almejada reversão possam surgir”, conforme Rainer, que enxerga boas intenções nas ações do governo de descentralizar o crescimento do Paraná, a exemplo de outras estruturas recentemente anunciadas. A decisão do governador Beto Richa em interiorizar a oferta de gás natural é um indicativo disso.
Fonte: O Paraná