CACISPAR

terça, 09 de julho de 2013

Pesquisa do SPC Brasil aponta idosos com mais dívidas

A pesquisa também aponta que 22,5% dos cadastros são de consumidores com idade entre 30 e 39 anos

Os consumidores com mais de 65 anos respondem pela maior parcela de inadimplentes no mês de maio, segundo levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o estudo, um em cada quatro cadastros negativos correspondem a um consumidor idoso. Entre as razões, estão o aumento de gastos com saúde e o empréstimo de nome para parentes tomarem crédito. Segundo o SPC Brasil, a inadimplência entre os idosos tem se mantido na média de 25% desde o início do ano, quando o levantamento considerando a idade dos devedores começou a ser feito.

A pesquisa também aponta que 22,5% dos cadastros negativos são de consumidores com idade entre 30 e 39 anos. A faixa de menos inadimplentes é a de menos de 24 anos, com 11,5% do total. De acordo com o estudo, 50,77% do total dos consumidores inadimplentes no mês de maio tinham dívidas de mais de R$ 500. Outros 15,92% das dívidas eram entre R$ 250 e R$ 500; 18,02% entre R$ 100 e R$ 250, e 15,29% de até R$ 100. A pesquisa mostra ainda que as mulheres são maioria entre os inadimplentes (53,72%), enquanto os homens são 46,28% do total.

O economista Nélio Bordalo, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), explica os motivos que levam os idosos a ficarem endividados. ´Nessa fase da vida, há um aumento significativo nos gastos com saúde, principalmente em relação aos remédios. Isso contribui diretamente para o aumento da inadimplência entre os idosos. O fato deles não terem tido um planejamento financeiro ao longo da vida também contribui para isso. Outro aspecto que costuma agravar a situação é que muitos famílias brasileiras, por estarem passando por problemas financeiros, acabam sendo bancadas por idosos. Sem contar que, quando se aposenta, a renda tende a cair e muitos idosos apresentam dificuldade em se adequar. Exatamente por isso, é cada vez mais comum idosos, mesmo aposentados, voltarem para o mercado de trabalho´, diz.

Ele também alerta para a questão dos empréstimos consignados. ´Muitas vezes, certos familiares fazem empréstimo no nome dos idosos. Esses parentes acabam não pagando e quem fica inadimplente é o idoso. É importante destacar também, que se tratando de empréstimo consignado, o valor não pode ultrapassar 30% da quantia que o idoso recebe. Apesar disso, alguns bancos, para segurar o cliente, excedem esse valor. O problema é que, em alguns casos, isso acaba prejudicando o orçamento do idoso, principalmente em relação às contas do dia-a-dia e ele acaba ficando endividado, já que o valor do empréstimo é descontado diretamente da conta´, afirma.

Nélio explica o que os idosos devem fazer em caso de inadimplência. ´Se o idoso ficou inadimplente porque comprou algum produto ou contratou algum serviço para um parente e esse familiar não pagou, ele deve procurar a pessoa para que ela honre com isso. Caso ela realmente não tenha como pagar, o idoso tem que procurar a instituição onde foi contraída a dívida e tentar renegociar´, aconselha.

O economista ressalta que os idosos devem ter cuidado ao usar o cartão de crédito. ´Nunca se deve gastar mais do que ganha. O ideal é que o idoso sempre pague o valor total da fatura do cartão de crédito e não apenas o valor mínimo´, diz. Ele conta ainda o que os jovens podem fazer para evitar problemas financeiros na velhice. ´A principal orientação para quem ainda está trabalhando é a de que pague o INSS para que possa contar com uma renda após o fim da sua vida produtiva. Outra ação que pode ajudar a pessoa a ter uma vida mais tranquila na 3ª idade é poupar de 5 a 10% da sua renda mensal já visando os gastos extras com saúde no futuro. Nos últimos anos, a expectativa de vida aumentou. Por isso, as pessoas devem, desde já, fazer uma reserva para essa vida a mais´, afirma.

Drama - A aposentada Célia Mota, de 71 anos, faz parte do grupo de idosos que está endividado atualmente. ´O meu nome foi pro SPC porque, de vez em quando, eu comprava para outros parentes no meu cartão de crédito. Acontece que alguns familiares não pagaram a dívida e eu acabei ficando inadimplente. Se o valor da conta fosse pequeno, eu mesma pagava. Mas, infelizmente, não é o caso´, diz.

O aposentado João Ribeiro, de 70 anos, também ficou inadimplente por um tempo, mas recentemente consultou o SPC e verificou que o seu nome não consta mais na lista de devedores da instituição. ´Fiquei inadimplente por um tempo porque comprei um celular de conta para o meu genro e ele acabou não pagando a dívida´, afirma. O aposentado conta ainda o que faz para não ficar inadimplente novamente.

Procon alerta contra assédio de bancos - A Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) considera preocupante a abordagem que algumas instituições do setor financeiro realizam para a concessão de empréstimo consignado (crédito com desconto no benefício por meio de empréstimo pessoal e/ou cartão de crédito) para aposentados e pensionistas. Segundo a instituição, há empresas que se aproveitam da falta de conhecimento do consumidor para induzi-lo a assinar contratos de financiamento e outros documentos que podem comprometer o orçamento mensal da pessoa.

Por isso, caso o idoso possua empréstimo consignado ou pretenda contratar esse tipo de serviço, a instituição orienta que fique atento às ofertas que se mostram muito vantajosas. O Procon aconselha também que antes de assinar o contrato, o idoso leia com atenção todas as cláusulas, que devem conter informações claras sobre qual o valor total a ser pago, os juros cobrados e as outras condições do financiamento.

A instituição orienta ainda que o idoso não assine procuração para pessoas desconhecidas e faça uma avaliação cuidadosa de quanto o empréstimo consignado vai comprometer o seu orçamento, lembrando que a mensalidade não pode ultrapassar 30% do montante do benefício, no empréstimo, e 10% no crédito consignado.
Fonte: faciap.org.br

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