CACISPAR

sexta, 25 de abril de 2014

Projeção da inflação ultrapassa meta e compromete poder de compra do brasileiro

A projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2014 estourou o teto da meta limite, definido em 6,5%. Segundo relatório do Focus/Banco Central, o IPCA saltou de 6,47% para 6,51%, sétima alta seguida. Nos últimos 12 meses, fechados em março, a inflação estava em 6,15%. Para 2015, a projeção foi mantida em 6,01%. Já a projeção para a Selic (taxa básica de juros) foi mantida em 11,25% ao ano, ao final de 2014, e em 12% ao ano, no fim de 2015. A meta de inflação tem como centro 4,5%.

O economista José Maria Ramos, professor da Unioeste, observa que o principal problema da inflação é a perda do poder de compra da população, que vê seus rendimentos sendo corroídos pelo aumento dos preços generalizados. Para o setor produtivo a inflação reduz a capacidade de planejamento e investimentos.

Ele afirma que a inflação brasileira tem como diagnóstico a inflação de demanda, puxada pelos gastos das famílias e do governo. "Assim para o controle da inflação, mantendo a atual política monetária, o governo deve atuar no controle da oferta de crédito com elevação dos juros internos, como já vem fazendo desde o começo deste ano, bem como controlar os gastos públicos, reduzindo a pressão sobre o mercado."

No cenário atual, uma pessoa que recebe um salário de R$ 1.000 no começo do ano, vai precisar de R$ 1.065,10 ao final do ano para comprar as mesmas coisas. "Se o salário dela não subir na mesma proporção que a inflação, ela terá de deixar de consumir coisas para caber no orçamento", prevê o administrador de empresas Ricardo Toseto Ciquelero.
Na opinião dele, o Banco Central não tem tomado medidas que conduzam a inflação para o centro da meta, a principal delas é erguer os juros. "A inflação é essencialmente o aumento de dinheiro circulando na economia, acima do aumento da capacidade de produção."

Não fugirá do controle

Zé Maria, por outro lado, não acredita que a inflação saia do controle, "pode até ficar um pouco acima da meta, mas o governo vai agir visando a estabilidade, ninguém quer experimentar novamente os anos de hiperinflação vivenciados na década de 1980 e nos primeiros anos da década de 1990." A sensação que as pessoas têm de que os produtos nos supermercados estão aumentando muito acima dos percentuais divulgados pelo governo tem uma explicação.

Conforme o economista, o IPCA é um índice de preços que congrega diversos grupos de demandas como alimentação, vestuário, habitação, transportes, saúde e cuidados pessoais, educação, comunicação (telefonia e outros), despesas pessoais e artigos de residência, para pessoas que tenham renda de um a quarenta salários mínimos. "Como esse índice é uma média dos diversos itens que o compõem, temos que alguns produtos tiveram altas significativas como a batata, o tomate, a carne e o leite, isso provoca a impressão de que a inflação seja maior que a divulgada, principalmente para aqueles que têm menor poder de renda."

Na avaliação dele, a proximidade das eleições de outubro está imobilizando o governo em tomar decisões impopulares, provocando especulações sobre um cenário difícil para o próximo ano. Um dos exemplos é o setor imobiliário, que vem com altas significativas há muito tempo, o que promoveu uma ampliação na oferta de imóveis e, considerando o cenário de juros elevados e restrição ao crédito para os próximos períodos, o setor terá que reduzir suas margens de lucro para manter suas vendas.

Governo não economiza

Para Ciquelero, está muito claro que o Governo Federal gasta demais. "Ele gasta mais que arrecada, isso se chama déficit nominal. Daí o governo, para poder pagar as contas, pega dinheiro emprestado. Esse dinheiro ele empresta dos bancos, mas como a poupança interna é insuficiente, o Banco Central tem que emprestar dinheiro, então ele vai simplesmente imprimir cédulas e dar para os bancos em troca de títulos do tesouro."

O administrador fala que hoje tem três vezes mais dinheiro circulando na economia que há 10 anos, mas o PIB cresceu só 45%. "O banco central tem elevado a taxa de juros, isso estimula as pessoas a pouparem, porém o governo gasta mais rápido do que a poupança aumenta", pontua. Outro dado preocupante é que entre os cerca de 400 itens pesquisados pelo IBGE todo mês cerca de 70% têm apresentado elevação nos seus preços, mostrando que a inflação está disseminada na economia.
Fonte: Jornal de Beltrão

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