ID Fashion

terça, 03 de novembro de 2015

ID Fashion faz aproximação entre indústria da moda paranaense e público consumidor

Primeira edição do evento, realizado em Curitiba pela Fiep, com patrocínio do Sebrae/PR, reuniu cerca de 2 mil pessoas no MON, nos dias 28 e 29 de outubro, para desfiles, laboratórios de moda e ações interativas 

Na tela do celular, o empresário do noroeste paranaense Gustavo Augusto Serpa Rocha, exibe orgulhoso fotos do desfile da Osklen, na semana de moda de Nova York. Os fios de seda que compõem looks da marca e de outras, como Animale e Cantão, além dos principais figurinos das novelas de época da Record, são da empresa O Casulo Feliz, de Maringá, na região do Vale da Seda. A marca é uma das 17 paranaenses participantes da primeira edição do ID Fashion, produzido pelo Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), com o patrocínio do Sebrae/PR.  

Com o objetivo de criar valor e aumentar a visibilidade das marcas locais em âmbito nacional, de maneira inovadora e interativa, o evento atraiu consumidores, especialistas em moda e formadores de opinião ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, nos dias 28 e 29 de outubro. Entre as 17 marcas paranaenses que apresentaram suas coleções Outono/Inverno 2016, sete são clientes de projetos do Sebrae/PR. 

Uma delas é o Vale da Seda, que forneceu seda para a composição de 20 peças do desfile do estilista Ronaldo Fraga no São Paulo Fashion Week, realizado neste mês. Para o ID Fashion, o empresário João Berdu trouxe produções de Enéas Neto, todas em tricô com 100% de fio de seda paranaense. “A seda ajuda por si, é fantástica. Agora, estamos esperando o Ronaldo transformar aqueles conceitos em peças mais mercadológicas, e vamos fornecer seda para dez artigos comerciais”, comemora.  

Além das peças expostas no Living Lab (Laboratório Vivo de Moda), a empresa participou do ID Fashion com um desfile. Das sete marcas destacadas para essa ação, denominada Catwalk, duas são clientes do Sebrae/PR: o Vale da Seda e a Stooge, de Apucarana, no norte do Estado. A designer de moda Paty Oliveira conta que tudo começou há sete anos, com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da faculdade. “Trabalhamos com um público que gosta de se diferenciar através do que veste, é um nicho. Hoje, temos lojaonline, além de distribuição no atacado e varejo.” 

Com 70% dos clientes concentrados em São Paulo, Paty conta que a empresa produz cerca de 2 mil peças mensais, por meio de confecção terceirizada. “Para passar pela crise, é importante se reinventar. Nossa estratégia é trazer mais coleções, com número menor de peças, para ter novidade o ano todo. E o apoio do Sebrae/PR em buscar certificações e possibilitar nossa participação em eventos como esse é fundamental, porque nesses locais temos contato com o cliente”, destaca. 

Na programação, além das ações voltadas às indústrias, ocorreram atividades paralelas com consumidores, como um bate-papo sobreSlow Fashion com marcas curitibanas independentes, demonstrações de impressão em 3D, intervenções artísticas interativas e avaliação das tabelas de medidas do Brasil, a partir do corpo dos visitantes e das peças expostas pelas marcas. Um espaço de convivência gastronômica também foi montado no local.  

Por uma moda mais competitiva 

Na avaliação do diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini, o evento vai ao encontro da proposta da entidade de promover a competitividade no setor do vestuário paranaense. “O elemento central dessa competitividade é a moda, e o ID Fashion é propriamente isso. Nossas pequenas empresas estão aqui se aperfeiçoando, participando dos laboratórios, das oficinas, desfilando e, ao fazer isso, elas se promovem e promovem a moda do Estado do Paraná. Colocam na imprensa que o Paraná produz moda. Isso é economia de alto valor”, afirma Agostini. 

Para a coordenadora estadual do vestuário do Sebrae/PR, Carla Werkhauser, o grande trunfo do evento é aproximar a indústria do cliente final, por meio do Living Lab. Nesta edição, foram 14 marcas expondo seus produtos – sete delas clientes dos projetos da cadeia da moda da entidade –, com a finalidade de interagir diretamente com consumidores, especialistas e formadores de opinião, para conferir aceitabilidade e validar estratégias e posicionamento de marca. “É o consumidor final quem dita as regras, o que vende, quanto vale o produto. E a indústria ainda está muito distante do cliente, porque tem o varejo no meio do caminho”, pondera.   

Essa interação com o público é fundamental, na opinião da designer Jhenniffer Breenstup, estilista de bolsas da marca que leva seu nome. Criada há um ano, em Pato Branco, no sudoeste do Paraná, a empresa dá seus primeiros passos no comércio online, com acessórios que se adaptam às necessidades de cada mulher. “Isso de ‘nada se cria, tudo se copia’ não funciona com a gente.” As bolsas são formadas por peças desmontáveis, vendidas separadamente, que permitem uma infinidade de composições de cores. “O ID Fashion é um termômetro importante”, garante ela.  

Coordenadora do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Fiep, Luciana Bechara também expôs seus produtos de moda bebê e infantil no Living Lab. Com duas fábricas, uma loja física em Curitiba, e-commerce, 25 colaboradores, e distribuição para 300 lojas no País, ela comemora uma produção de cerca de 12 mil peças/mês. “A interação com o consumidor, a experimentação, é o mais importante em eventos assim. Passamos anos difíceis, porque, com o dólar baixo, as pessoas estavam optando por fazer o enxoval nos Estados Unidos. Agora, com a alta da moeda, que estamos vendo a retomada desse movimento de montar o enxoval do bebê em lojas locais.”  

Resultados  

A consultora do Sebrae/PR Carla Werkhauser defende que a visibilidade proposta pelo evento terá impacto direto nas micro e pequenas empresas do setor do vestuário do Paraná de forma geral. “Isso porque, apresentando o potencial criativo de marcas representativas em termos de inovação e originalidade, o Estado poderá se tornar referência no cenário de moda nacional.” 

Atualmente, o Estado conta com mais de 6 mil empresas do setor. São 5.226 de vestuário e 833 têxteis, a grande maioria de micro e pequeno porte (95,7% do setor têxtil são micro e pequenas e 97,6% do vestuário são micro e pequenas). Dos 399 municípios do estado, 78% possuem algum processo produtivo ligado à confecção. É o segundo setor industrial que mais emprega no Paraná (atrás apenas de alimentos), com mais de 84 mil postos de trabalho. 

Entre 2014 e 2015, o Sebrae/PR atendeu, de forma continuada, mais de 300 micro e pequenas empresas do setor no Estado. O investimento nos negócios participantes de ligados à cadeia da moda foi aproximadamente R$ 1,8 milhão, no ano passado, devendo chegar a R$ 2,2 milhões neste. As ações, que envolvem missões, cursos, palestras, oficinas e consultorias, resultaram em um crescimento de 6% no faturamento de marcas paranaenses de 2013 para 2014. A variação no volume de vendas subiu 4% no período, e a participação em lojas multimarcas cresceu 37%. 

Fonte: Ass. de Imprensa Sebrae/PR

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