Sucesso
segunda, 08 de agosto de 2016
Convenção da Cacispar deu “banho de conhecimento” em empresários e representantes de ACEs
Enquanto a economia de Francisco Beltrão mantinha seu funcionamento normal, centenas de empresários do Município e região prestigiavam a 14ª Convenção da Cacispar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná), realizada no auditório da Unioeste, campus Beltrão, na quinta-feira, 4 de agosto.
O tema deste ano foi “Como reagir ao novo cenário econômico e alcançar resultados”. Na abertura, Jair dos Santos, presidente da Cacispar reforçou para o associativismo, tão necessário, segundo ele, para o Brasil fugir definitivamente da atual situação econômica e política. Sobre empregos, Jair salienta que a meta da classe empresarial é manter as vagas existentes, tentando ao máximo evitar as demissões de funcionários. “Temos que tentar ter lucro sem aumentar os preços dos produtos e serviços. A base para isso é o associativismo, o cooperativismos entre as entidades representativas da sociedade. E nós estamos confiantes que o País reagirá bem a tudo isso a partir do desenvolvimento de novas lideranças”, diz Jair.
Painel
Um bate-papo produtivo com pouco mais de 50 minutos foi um dos pontos fortes da convenção. Rainer Zielasko, ex-presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) e atual presidente executivo da Fiasul Indústria de Fios de Toledo (PR), mediou o painel com o tema “O Papel das instituições no Crescimento e desenvolvimento da economia paranaense”. Participaram o presidente da Faciap, Guido Bresolin Junior, o presidente da Sicoob Central Unicoob, Jefferson Nogarolli, o economista e consultor do Sebrae/PR, Gilcindo Corrêa Neto e o gerente de Economia, Desenvolvimento e Fomento da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Marcelo Percicótti.
Para Nogarolli, o Brasil tem hoje dois problemas centrais – o governo e o sistema financeiro. “Empreender num país como esse hoje em dia tá difícil. Entendo que pra vencer a crise é preciso levantar uma hora mais cedo e dormir uma hora mais tarde. Na vida, precisamos entender que para chegar à frente não é necessário chegar com o corpo todo, mas com um “focinho” de diferença”, descontrai Nogarolli. “Outro fator importante é que aconteça uma reforma tributária urgente, fazendo com que as taxas de juros diminuam. O problema é que sempre nos conformamos com tudo. O melhor futuro não é o que se adivinha, é o que se planeja”, analisa Nogarolli. Pensando no desenvolvimento futuro de uma região, Nogarolli aponta para os estudantes de faculdades e universidades. “Não adianta apenas juntar pessoas numa sala de reuniões para discutir questões econômicas. É preciso olhar para nosso público universitário, criar ambiente favorável para que eles fiquem em nossa região e ajudem o país a crescer.”
Pra fechar, ele fez uma analogia que leva a entender o porquê não se instalam indústrias em uma determinada região, como por exemplo, uma fábrica de veículos automotores. “Via de regra, uma indústria automobilística se instalará próxima 100, 150 quilômetros de um porto. O Sudoeste está a 600 quilômetros, e não tem matéria-prima para a fabricação de peças, como o minério de ferro encontrado em outras regiões do Brasil. Então, não adianta sonhar com isso para a região.”
Sobre o atual cenário, Gilcindo entende que é hora de os brasileiros retomarem a confiança na economia. “Temos diversas instituições de confiança aqui no Paraná. E o Sudoeste mesmo tem muita força. A porta de entrada para essas discussões são as ACEs [associações empresariais].”
O setor industrial, de acordo com Marcelo, é o que teve maior impacto negativo com a crise. “Não foi uma queda, foi um tombo. O investimento no Estado teve uma queda de 14% em 2015. É preciso retomar a competitividade da indústria do Paraná e do Brasil”.
Guido Bresolin entende que o espírito de empreendedorismo coletivo está presente neste século. “Esse momento aqui [da convenção], nos permite trocar experiências com lideranças locais do Sudoeste. Entendo que nos últimos dois anos passamos buscando um ponto de equilíbrio e agora temos que aproveitar a oportunidade de construímos juntos uma nova sociedade. Acredito que com a crise, nós empresários aprendemos que é preciso fazer planejamento para os próximos, 5, 10, 20 anos, e não apenas para o mês seguinte.”
Ele citou um exemplo que aconteceu com a Itália há alguns anos. Quando a crise bateu naquele país, encontrou um “colchão” que absorveu o impacto. Por meio das cooperativas de crédito italiano, houve renegociação de títulos, amenizando a situação econômica de seus contribuintes. “É preciso ainda fortalecer as cadeias produtivas com novas tecnologias para avançar e alinhar as entidades com todas as esferas de governo”, sugeriu Guido.
Allan Costa fecha a convenção
“Passamos dois anos falando de crise. É preciso virar esse jogo. Inclusive já é possível dizer que a crise já se foi”, disse o palestrante Allan Costa, mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), colunista da Rádio CBN e que veio de Curitiba até Francisco Beltrão, montado em sua moto, uma de suas paixões, como ele mesmo definiu. Com o tema “Depois da tempestade: como aproveitar a onda de prosperidade do pós-crise”, Allan explico através de gráficos, que desde o ano passado a inflação no Brasil começou a perder força. “Uma variável importante [para a queda da inflação] é o dólar favorável às exportações. Está previsto o crescimento do PIB para 2017 em até 1%. Mas se continuar assim, esse número pode ser ainda maior”, acredita. “A quantidade de investimento retido nas empresas é brutal. Neste pós-crise veremos muitas oportunidades sendo criadas”, afirma.
Uma delas citadas é de uma empresa virtual, a 33/34, onde sua empreendedora viu a chance de alavancar seu negócio vendendo para mulheres com o pé pequeno. Com a loja, a empresária solucionou a falta de calçados femininos com essa numeração e canalizou o investimento em sua empresa. “Entendo que as pessoas devem ficar atentas às necessidades pontuais das pessoas, tirarem proveito para se sobressair frente às dificuldades econômicas”, disse Allan. “Só não pode fazer como o governo do PT, que incentivou o consumo sem ter capacidade de produtividade”.
Outros exemplos de sucesso destacados pelo palestrante foram o Uber e a escritora britânica J. K. Rowling, da série de livros e filmes “Harry Potter”. “Temos que sair do piloto automático e se ‘curar’ da síndrome de Zeca Pagodinho, do deixa a vida me levar”, sorri Allan.
Após a convenção, os participantes foram recepcionados na Churrascaria Pampeana, onde aconteceu a posse festiva da nova diretoria da Cacispar para o biênio 2016 a 2018.
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